PROFESSORA VANDERLAN DA SILVA BOLZANI É HOMENAGEADA PELA FAPESP

Carinho e atenção. Acolhimento e cuidado. Inspiração e persistência. Essas foram algumas das características citadas na tarde da última quinta-feira (15), durante o evento em homenagem à professora Vanderlan da Silva Bolzani, realizado no Centro de Pesquisa e Inovação da Universidade de São Paulo (USP). A iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi uma forma de agradecer, reconhecer e valorizar a contribuição da docente ao Programa Biota.

Lançado em 1999, o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade foi criado para mapear e analisar as possibilidades de utilização responsável de plantas, animais e microorganismos com potencial de aplicação em diferentes setores da sociedade, além de subsidiar a formulação de políticas de conservação. Presente desde a sua criação, Vanderlan foi coordenadora do programa durante 18 anos, após colaborações vitais na geração de informações científicas para entender o funcionamento dos biomas e gerar indicadores de produtividade fundamentais em diversos projetos, como decretos estaduais de preservação.

A docente, que se disse orgulhosa por receber esse reconhecimento aos 73 anos, também foi uma das idealizadoras do subprograma BIOprospecTA, voltado para o estudo das substâncias bioativas (bioprospecção) com o propósito de ampliar o universo das espécies estudadas, outro importante marco em sua trajetória científica ligado à Fapesp.

Trajetória acadêmica
Graças a uma bolsa de mestrado, a paraibana veio para São Paulo estudar no Instituto de Química da USP, unidade em que conheceu o professor Otto Richard Gottlieb, que além de seu orientador “teve um papel decisivo na minha escolha pela profissão acadêmica e pelo fascínio dos produtos naturais como área de pesquisa”, afirma.

Ao relembrar sua chegada à capital paulista e citar o cientista como grande referência nos estudos, em seu discurso de agradecimento, a professora fez questão de destacar “como não somos nada sem as instituições”, as responsáveis por criar oportunidades de pessoas interessadas e dedicadas para se reunirem e transformarem o que está ao redor. “Como descobrir a beleza invisível da biodiversidade.”

E foi nessa missão de entender melhor a natureza que Vanderlan hoje é uma das cientistas de maior renome no país. A farmacêutica formada em 1973 pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que trabalha há cerca de 40 anos no Instituto de Química da Unesp, no câmpus de Araraquara, onde é livre-docente e professora titular, acumula feitos e reconhecimentos. Tanto que existe um prêmio com o seu nome, criado pela Sociedade Brasileira de Química em 2019, dedicado a reconhecer o trabalho de mulheres que se destacam na química e/ou no fortalecimento da entidade, pois ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da instituição.

Além disso, a pesquisadora já foi diretora da Agência Unesp de Inovação (Auin) da Unesp, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da CIência (SBPC) e membro do Conselho Superior da Fapesp. Também recebeu o Distinguished Women in Science, um prêmio internacional que abrange mulheres de todos os continentes, e o Capes-Elsevier, uma parceria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com a editora Elsevier, responsável pela publicação de várias revistas científicas de renome internacional.

Dedicação ao ensino da ciência
Resumir uma carreira tão vasta e prestigiada não é fácil. Mas foi a tarefa dada aos colegas na homenagem à Vanderlan. Jean Metzger e Carlos Joly, ambos da Coordenação do Promana Biota-Fapesp, juntamente com Gordon Cragg, special volunteer NCI-USA, Dulce Helena Siqueira Silva, do Instituto de Química (IQ) da Unesp, Glaucius Oliva, do Instituto de Física de São Carlos da USP, e Norberto Peporine Lopes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP falaram sobre as realizações da professora, como a criação do Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais (NuBBE), hospedado no IQ da Unesp, e sua dedicação e estímulo aos estudantes no ensino à ciência.

Sua atuação ao formar uma nova geração de pesquisadores é tão intensa que muitos a chamam de “mãe científica”. Num vídeo de encerramento do evento, ex-alunos e colaboradores contaram de forma alegre e emocionada sobre o amparo e o respeito que receberam durante os estudos e os trabalhos desenvolvidos. Não é para menos que ao completar 70 anos a docente ganhou uma “Árvore Genealógica Científica” que relacionava todas as suas realizações na academia. Este também foi o símbolo escolhido por seus colegas do programa Biota para presenteá-la na homenagem da Fapesp.

“Isso é a melhor representação de que a todo momento estamos plantando sementes e de que vai haver grandes conquistas no futuro. Sou e sempre fui uma pessoa muito esperançosa”, revelou, em seu agradecimento. Poetisa nas horas vagas, Vanderlan diz que deseja publicar um livro com suas produções poéticas, encerrando sua fala recitando uma poesia sobre sonhos como sublimação da vida.

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