Outubro – o mês que anuncia o Prêmio Nobel

Publicado em 25/10/2023 | Texto: Marie-Anne Van Sluys*

A cada ano, na primeira semana do mês de outubro, o mundo inteiro aguarda o anúncio feito pela Fundação Nobel dos premiados nas áreas de Física, Química, Medicina, Literatura, Paz e Economia. Este ano, vimos a área de nanotecnologia permear os premiados nas áreas de Física, Química e Medicina. As descobertas feitas há 30 anos em Ciência básica permitiram os avanços consideráveis em áreas diversas como a vacina de RNA que induz resposta imunológica contra o vírus SARS-CoV2 causador da COVID-19, bem como o desenvolvimento do LED das TVs e a expectativa de computadores quânticos.

O Prêmio Nobel de Física foi concedido a três pesquisadores: Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L´Huillier, pelo desenvolvimento de metodologias capazes de medir pulsos de luz em attosegundos (1 x 10-18 segundos) para estudo da dinâmica de elétrons, ampliando possibilidades em diagnóstico.

O Prêmio Nobel de Química foi também concedido a três pesquisadores: Moungi G. Bawendi, Louis E. Brus e Alexei I. Ekimov, pela síntese de “quantum dots” que atualmente têm aplicações em medicina e nas TV a LED.

O Prêmio Nobel de Medicina foi concedido a dois pesquisadores: Katalin Karikó e Drew Weissman, pelo conhecimento gerado por seus estudos que permitiram o desenvolvimento da vacina de mRNA para o controle da pandemia COVID-19.

O Prêmio Nobel de Literatura foi concedido a Jon Fosse, por sua capacidade de escrita ampla e de forma diversificada dirigindo-se a públicos distintos como crianças e adultos.

O Prêmio Nobel da Paz foi concedido a Narges Mohammadi, iraniana, pelo reconhecimento a todos que lutam pelos direitos humanos e contra a opressão de mulheres, em particular no regime teocrático iraniano. O lema “Mulher – Vida – Liberdade”, ilustra bem o seu trabalho.

O Prêmio Sveriges Riksbank na área de Economia foi concedido a Claudia Goldin, por sua contribuição na contextualização do mercado de trabalho das mulheres.

Em 2023, quatro mulheres foram reconhecidas pela Fundação Nobel, cada uma com a sua história de superação e realização. Anne L´Huillier e Katallin Karikó por mais de 30 anos construíram suas carreiras científicas em um ambiente muitas vezes incrédulo das suas competências, do mesmo modo que Marie Curie e Barbara McClintock. Narges Mohammadi, juntamente com figuras inspiradoras como Malalla Yousafzai, Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkol Karman, luta pelo direito à educação e liberdade das mulheres e crianças. Claudia Goldin, por sua vez, apresenta ao mundo a força de trabalho feminina e suas incongruências e realidade.

Imagem: Arte/ACIESP

Em seu conjunto, a celebração do Prêmio Nobel deste ano representa não apenas o reconhecimento individual dessas mulheres notáveis, mas também uma celebração mais ampla do reconhecimento das mulheres em todas as áreas. Apenas nos últimos seis anos (desde 2018), a Fundação Nobel tem sistematicamente premiado mulheres, totalizando 15 prêmios em diversas áreas. Entre 2010 e 2017, oito mulheres ganharam o Prêmio Nobel, sendo quatro delas na categoria da Paz, duas em Medicina e duas em Literatura.

*Marie-Anne Van Sluys é Professora Titular do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo e Vice-Presidente da ACIESP.

Tags :
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest